11 janeiro 2012

Fashion Rio Inverno 2012

      
         O verão está aí. Mas, como a chuva insiste em cair e as temperaturas estão mais baixas que o normal para esta época do ano, não fica estranho falar nos lançamentos das coleções para o inverno’2012 na 20ª edição do Fashion Rio, nos armazéns do Píer Mauá, na Cidade Maravilhosa. Com o tempo atordoado, céu nublado e termômetros na casa dos 18 graus, é fácil analisar, decifrar e apontar o que vai vir por aí quando o frio chegar. Se é que ele virá. Ontem, na abertura da semana de moda carioca, cinco marcas apresentaram suas criações.


          A mineira Patachou, depois de um verão descolado e chique, criou um inverno no qual privilegia a elegância despojada. A estilista Érika Frade traçou suas criações a partir da serenidade e sedução da mulher oriental. A indumentária do Japão foi revisitada e traduzida de forma contemporânea. Destaque para a peça clássica da cultura japonesa, o quimono, que apareceu com amarrações como vestidos e até casacos de couro em versão desconstruída. Usando elementos desse universo de forma sofisticada e divertida, as sombrinhas e os leques surgiram ora bordados, ora em estampas. As famosas cerejeiras apareceram em amarelo e bordadas na seda com fios de lurex. Chamaram a atenção os tecidos com brilho, ponto forte da coleção, como jacquard de seda, lurex e linho encerado. A silhueta é alongada e a cintura tanto marcada quanto deslocada.


           Érika abusou da assimetria nas saias, vestidos e casacos e deu atenção especial às mangas, às vezes grandes, tais quais as dos quimonos, como também elaboradas e bordadas. Investiu no dourado, que pontua toda a coleção. A mulher Patachou quer ser notada no inverno. A estilista desenvolveu ainda rico trabalho de moulange, criando movimento nas peças em seda. A cartela de cores é quente e saiu da árvore Momiji, que assume, por curto período no outono, as tonalidades avermelhadas, "uma coisa rara", como destaca a estilista.


      Ela criou ainda em cima do laranja, dos tons do pôr do sol, além do amarelo, azul, vermelho, roxo e preto com dourado. Destaque para os conjuntos, porque, como Érika diz, vai vir por aí "uma onda de pijamas". Um luxo foi o vestido de seda roxo e amarelo com generoso decote nas costas construído sem uma costura, inclusive, no avesso.


        Coube ao badalado Alexandre Herchcovitch ser o primeiro a pisar a passarela carioca. Com o jeans em foco, ele se inspirou nos jovens artistas de Nova York dos anos 1980, que transformaram o bairro industrial do Soho em região de vanguarda cultural e estética. Muitos vestidos com modelagem da releitura dessa década (apostou no volume), com intervenções de respingos de tinta e o grafismo da obra de Jean Michel Basquiat. Chamaram a atenção as jaquetas em pele de carneiro sintética, assim como a jaqueta de motoqueiro e o tricô manual oversized. A sensualidade ficou por conta das peças de lingerie. 



         Em seguida, o público foi envolvido pela apresentação da Acquastudio, da estilista Esther Bauman, que mergulhou no passado e buscou inspiração em momentos marcantes da moda nos anos 1940/1950. Apostou em cores como ameixa, cobalto, cor de pele, cobre, dourado e framboesa, distribuídas em rendas mohair, lã, crepes com foil, tecidos tecnológicos, organza e tule.


       Vestidos A irreverente Alessa, carioquíssima, deu o nome de "Céu na terra" para seu inverno, que se desenvolveu a partir da geometria dos tapetes, que também foi o insight para criar estampas gráficas bacanas. Dessa mistura surgiu uma coleção com peças em seda, tricô, jacquard e lã em tons de ocre, marrom, laranja, azul-celeste e marinho e cinza. Nos pés, ankle boots de camurça com saltos de cortiça bem altos. A peça-chave foram os vestidos, mas teve macacão, saias e calças tipo alfaiataria com camisas de seda.


         A Cantão encerrou o primeiro dia de Fashion Rio com a top Carol Trentini desfilando pela terceira vez, exclusivamente, para a marca. A coordenadora de estilo da grife, Lanza Mazza, explorou o tricô de seda rústica, lã, tecidos de alfaiataria masculina, couro, palha de seda bordada e a gaze de linho sem deixar o estilo despojado e leve. Destaque para o uso do avesso aparente em alguns looks. Investiu nas sobreposições, no jeito "cebola" de encarar o inverno brasileiro. Nada mais apropriado. Na cartela de cores: off-white, verde floresta, amarelo, caramelo queimado, chumbo, azul e vermelho.

Nos ajudaram nessa postagem: Lílian Monteiro do Estado de Minas.

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